terça-feira, 31 de maio de 2011

Grindhouse - Planet Terror & Death Proof

Grindhouse é um projeto dos diretores Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. Foi feito como um tributo aos filmes de terror trash dos anos 70, e como tal, reúne vários elementos típicos desse período, desde as imagens granuladas e cheias de riscos, os riscos na tela, as cores fortes, até as características dos roteiros, efeitos especiais baratos, e toda a tosqueira genuína dos maiores clássicos do "Cinema em casa". Só que tudo feito com toda a qualidade que esses dois sabem usar. São dois filmes, Planet Terror e Grindhouse. Entre eles, são exibidos trailers de filmes fictícios, que originalmente não deveriam existir. Mas um deles, Machete, fez tanto sucesso que acabou sendo feito (e eu o comentarei aqui também). Infelizmente, fora dos EUA os dois filmes foram lançados separadamente, o que acabou por comprometer um pouco o conceito, e algum desavisado poderia assistir aos filmes como se fossem um trabalho sério, e não uma homenagem, feito pra ser assim. Mas enfim, os comentários.


Em Planet Terror, a idéia é prestar um tributo aos filmes de mortos-vivos, criaturas canibais, e outras coisas do gênero. O importante aqui não é o roteiro, não são lições de moral baratas, foilosofia, ou nada disso: É só violência gratuita, e entretenimento regado a muito humor negro. E o melhor filme de Robert Rodriguez.

Sobre o roteiro: Definitivamente bobo, cheio de furos e despretensioso. Isso não é uma crítica, é um elogio, porque o objetivo é justamente citar o que caracterizava o gênero "terror" na década de 70. O filme é carregado de elementos desse período, temperados com características de Rodriguez. Então temos sangue, criaturas mutantes mortos-vivos que se alimentam de carne humana, um atirador que nunca erra, sangue, um restaurante beira-de-estrada quase vazio, uma estrada, muito sangue, mulheres sexys (pra não dizer outra coisa), um grupo de sobreviventes reduzido, que se tornará ainda mais reduzido no decorrer do filme, muito sangue, uma metralhadora de grosso calibre usada como prótese de perna, e antes que eu me esqueça, toneladas de sangue. Mas garanto que é um filme muito divertido. Destaque para a cena de quando El Wray recebe permssão para usar armas, para o molho de churrasco de J.T., e atenção especial para a mais tosca cena já imaginada por alguém, na participação especial de Quentin Tarantino como ator. Essa cena vai ser lembrada por muito tempo como um clássico.

O que esse filme tem de especial? Tem um Robert Rodriguez completamente sem freios. Tudo que veio a mente dele foi parar no filme, sem censuras, sem reserva, sem pensar em limites. Então, temos aqui um circo do absurdo. Aliás, absurdo é a melhor palavra para definir esse filme. Fora isso, embora seja redundante dizer, mas o clima de cinema B trash foi captado com perfeição, com direito até a um frame pedindo desculpas por um rolo no meio da trama, numa cena bem sugestiva. O filme nos transporta facilmente para a época, e contextualizando a obra, vira coisa de gênio. TOP.


Ficha técnica


Elenco: Rose McGowan - Cherry Darling
Fred Rodriguez - El Wray
Josh Brolin - Dr. William Block
Marley Shelton - Dra. Dakota Block
Jeff Fahey - J. T. Hague
Michael Biehn - Xerife Hague
Bruce Willis - Lt. Muldoon
Fergie - Tammy Visan
Quentin Tarantino - Soldado
Direção: Robert Rodriguez
Produção: Robert Rodriguez, Quentin Tarantino & Elizabeth Avellan
Roteiro: Robert Rodriguez
Trilha sonora: Graeme Revell
2007 - EUA - 106 minutos - Terror

Já em Death Proof (À prova de morte), o elemento "sobrenatural" não está presente, e é substituído por um psicopata. O resto continua aqui.

Sobre o roteiro: O dublê Stuntman Mike (sim, esse é o seu nome) tem um carro que pode cair do abismo, ser atropelado por um trem, esmagado por uma carreta, que supostamente o deixaria intacto, por ser "à prova de morte". E seu carro é usado como uma arma para matar jovens e belas garotas. Aqui, o tributo é prestado aos filmes com um assassino cruel e, principalmente, sem motivos. Também vários elementos estão aqui como homenagem ao cine trash. Cidadezinha do sul dos EUA, bar beira-de-estrada, estrada, garotas bonitas, provocantes e ingênuas (mas não no sentido sexual), vítimas clássicas desse tipo de vilão. Mas nem tudo é tão fácil para quem quer matar por diversão, e nem todas as garotas são tão fáceis de se matar. O filme tem um roteiro assustadoramente simples, perfeito para realçar as características da obra, ao invés da obra como um todo. Funcionou bem demais.

O que esse filme tem de especial? O grande trunfo de Death Proof é conseguir usar toneladas de clichês para criar algo original. O que se segue no fim do filme é totalmente inesperado se estivermos acompanhando a história tão previsível. Além de, é claro, também nos transportar para a era de ouro do cinema do lixo. Destaque para a cena onde a dublê na vida real Zöe Bell fica pra fora do carro em movimento, para os diálogos de Stuntman Mike no bar, e, claro, para as porradas da última cena. Pérola, clássico.


Ficha técnica


Elenco: Kurt Russel - Stuntman Mike
Sydney Tamiia Poitier - DJ Jungle Julia
Rosario Dawson - Abernathy
Vanessa Ferlito - Arlene / Butterfly
Rose McGowan - Pam
Tracie Thoms - Kim
Mary Elizabeth Winstead - Lee Montgomery
Zöe Bell - Zöe Bell
Direção: Quentin Tarantino
Produção: Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, Elizabeth Avellan & Erica Steinberg
Roteiro: Quentin Tarantino
Trilha sonora: Robert Rodriguez
2007 - EUA - 114 minutos - Terror

E, nesse caso especial, deixarei essa seção para o fim, por servir para ambos.

Quando e com quem assistir a esses filmes? Quando quiser puro entretenimento com filmes de "terrir", mas que foram feitos para serem exatamente o que são, sem pretensão nenhuma. É pura diversão, mas um humor politicamente incorreto, já que envolve praticamente só violência gratuita e absurdamente exagerada. É basicamente o que esses diretores sempre fizeram, mas aqui é exagero puro, pelo simples exagero. Eu recomendo muito.

Um comentário:

Tatiana Souza disse...

Sobre o Death Proof (o outro eu não assisti): faltou dizer sobre a excelente trilha sonora. Depois de ver o filme fui obrigada a baixar o cd, várias músicas bacanas (principalmente, "Hold Tight!" - Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich e "Down in Mexico" - The Coasters). Dentre as cenas memoráveis eu destacaria também a batida entre carros (provocada pelo “Stuntman” Mike) que mata as 4 garotas na primeira parte do filme. Melhor cena ever!